GEOGRAFIA
População: 23.000.000 (aprox.)
Ano | População | Crescimento anual | Densidade |
2000 | 22.720.000 | +2.93% | 35 por km² |
2010 | 32.902.000 | +2.58% | 50 por km² |
2025 | 44.934.000 | +1.95% | 69 por km² |
(Nenhum censo ou pesquisa étnica criteriosa foram feitos. Os números são estimativas.)
Os refugiados afegãos em 2000 chegaram a 1.400.000 no Irã, 2.200.000 a 3.000.000 no Paquistão e em menor número em várias localidades do mundo. Em 1999 foram 6.500.000.
Capital: Kabul, com 2.700.000 habitantes.
A capital tem sido destruída pela extensa guerra civil. Outras cidades: Kandahar com 420.000 habitantes, Mazar-e-Sharif com 270.000. Taxa de urbanismo: 22%
POVOS E LÍNGUA
Indo-iranianos (86.8% do país)
O maior: Pashtun (Pathan) 9.700.000, depois Tajik 4.000.000; Hazara/Aimaq (de origem turca) 1.800.000. Outros de fala persa: 770.000; Baluch 260.00; Povos Nuristani (11) 250.000
Povos de língua turca (10.7% do país)
10 povos. Uzbek 1.800.000; Turcomeno 520.000
Outros povos (2.5% do país)
Brahui 240.000; Pashai 160.000.
Alfabetização: 10-31% (índice bem menor entre as mulheres)
Língua oficial: Pashto (usada por 50% da população), Dari (afegã persa, 35%). 50 línguas ao todo.
Línguas com Escrituras: 2 com NT e 3 com Porções da Bíblia.
ECONOMIA
POLÍTICA
A monarquia foi destronada em 1973. O governo republicano terminou em golpe marxista em 1978. Depois foram invadidos pela União Soviética. Dez anos de guerra terminaram com a retirada humilhante das forças soviéticas em 1988-989. A guerra civil entre as facções étcnicas e religiosas continua causando danos enormes. O extremismo islâmico Talibã (principalmente Pashtun) assumiu o controle sobre 90% do país até 2001. Sanções da ONU em 2001 isolaram o país ainda mais.
RELIGIÃO
Religiões | % População | Adeptos | Crescimento anual |
Islamismo | 97.89 | 22.241.015 | +2.9 |
Zoroastrianismo | 1.50 | 340.806 | +2.9 |
Hinduísmo | 0.35 | 79.521 | +0.2 |
Étnicas tradicionais | 0.10 | 22.720 | +2.9 |
Baha’I | 0.10 | 22.720 | Sem inform. |
Cristianismo | 0.02 | 3.000 | Sem inform. |
Sikh | 0.02 | 4.544 | +2.9 |
Sem religião | 0.01 | 2.272 | +2.9 |
Os não muçulmanos podem ser bem menos do que acima listado. Nenhuma igreja cristã é permitida. O número de cristãos afegãos é estimado entre 1.000 e 3.000. Alguns obreiros cristãos expatriados recebem permissão para servir em programas sociais.
A HISTÓRIA DO AFEGANISTÃO
Os primeiros registros históricos sobre o Afeganistão datam do século VI a.C, quando foi incorporado ao império persa. Juntamente com os persas, a região foi subjugada, depois, por Alexandre, o Grande (século IV a.C). Após sua morte, a região caiu sob o domínio de um general de Alexandre, Seleucus I, mais tarde do rei indiano, Chadragupta e, mais uma vez, de uma dinastia grega que se estabeleceu em Bactria, ao norte do Afeganistão, e que fundou um estado que durou até 130 a.C. Este estado greco-bactriano se rendeu aos nômades iranianos, chamados de Sakas e adotaram o budismo como religião. Nos séculos III e IV d.C, os persas sassânidas invadiram o país e lá permaneceram até a chegada dos árabes, em meados do século VII d.C.
Séculos se passaram antes que o Islam se transformasse na religião dominante. O controle político árabe, enquanto isso, foi substituído por governos turcos e iranianos. A total ascendência turca sobre a região foi estabelecida mais tarde, no final do século X e início do século XI pelo sultão muçulmano Mahmud de Ghazna (971-1030).
A cultura islâmica depois alcançou o seu auge sob a dinastia dos ghuridas. Aos poucos, eles ampliaram seu governo até o norte da Ìndia, mas foram esmagados pelas invasões mongóis, lideradas por Gêngis Khan, que chegou do norte, em torno de 1220. A maior parte do país permaneceu sob domínio mongol até perto do século XIV, quando Tamerlão, um conquistador turcomano ocupou o norte do Afeganistão. Entre os mais notáveis sucessores de Tamerlão, estava Babur, fundador da dinastia mogol na Índia, que conquistou Cabul em 1504. Mais tarde, no século XVI, os safávidas do Irã e os uzbeques do norte fizeram incursões na região. Os sucessores mogóis e iranianos de Babur enfrentaram contínuas revoltas afegãs.
Durante o século XVI, os afegãos começaram a ganhar poder. A tribo ghilzai conquistou Isfahan, a capital iraniana, em 1722. Em sequida, uma vigorosa contraofensiva iraniana foi iniciada pelo governante turcomano, Nadir Shah, que em 1738, restabeleceu a autoridade iraniana sobre todo o Afeganistão. Nadir foi assassinado em 1747, e foi substituído por Ahmad Shah, um general da tribo abdali, que fundou uma dinastia que permaneceu no poder até 1818. Ahmad Shah ficou conhecido como Durri-i-Dauran e os abdalis como os duranis. Ahmad Shah aumentou seus domínios, conquistando o leste do Irã, o Beluquistão, a Caxemira e parte do Punjab. Em 1826, Dost Mohammad Khan, um membro de uma proeminente família afegã, assumiu o controle do leste do Afeganistão e tomou o título de emir.
No século XIX, o Afeganistão tornou-se palco de uma acirrada disputa entre os impérios russo e britânico. Em 1839, tropas inglesas invadiram o país, sendo repelidas ao final de quatro anos de combates. Mais tarde, uma nova guerra (1878 - 1880), colocou a monarquia afegã sob a tutela britânica até 1919, quando o país conquistou a sua independência. Abd-ar-Rahman Khan, neto de Dost Mohammad Khan assumiu o trono. Em 1907, durante o reinado de Habibullah Khan, o filho e sucessor de Abd-ar-Rahman-Khan, os governos inglês e russo concluíram o acordo de respeito mútuo, que garantia a integridade territorial do Afeganistão. Habibullah foi assassinado em 1919 e seu irmão, Nasrullah Khan, que assumiu assumiu o trono por apenas 6 dias, foi deposto pela nobreza afegã, em favor de Amanullah Khan, filho de Habibullah. Determinado a retirar seu país completamente da esfera inglesa de influência, ele declarou guerra à Inglaterra. Os ingleses, que ao mesmo tempo enfrentaram o crescente movimento de libertação indiano, negociaram um tratado de paz com o Afeganistão, pelo qual reconheciam a soberania do país e a independência da nação.
A popularidade e o prestígio que Amanullah tinha conquistado logo se dissiparam. Profundamente impressionado com os programas modernizantes do Irã e da Turquia, ele instituiu uma série de reformas políticas, sociais e religiosa. O governo constitucional foi inaugurado em 1923, os títulos de nobreza foram abolidos, a educação foi estabelecida para as mulheres e outras medidas mais amplas que modernizavam as instituições tradicionais foram reforçadas. A hostilidade provocada pelo programa de reformas do rei levaram à revolta de 1929 e Amanullah abdicou e se exilou. Depois de alguns distúrbios, o governo foi passado para Nadir Shah.
O novo governo, aos poucos, restabeleceu a ordem no reino. Em 1932, Nadir iniciou um programa de reformas econômicas mas foi assassinado no ano seguinte. Seu filho e sucessor, Zahir Shah, que tinha apenas 19 anos quando assumiu, foi dominado por 30 anos por seus tios e primos, principalmente seu primo e, mais tarde cunhado, Príncipe Mohammad Daud Khan. O governo intensificou o programa de modernização iniciado por Nadir Shah e estabeleceu relações comerciais com a Alemanha, Itália e Japão. Zahir Shah declarou a neutralidade do Afeganistão quando eclodiu a II Guerra Mundial. No entanto, em 1941, a pedido da Inglaterra e da ex-União Soviética, mais de duzentos agentes alemães e italianos foram expulsos do país. Os Estados Unidos estabeleceram relações diplomáticas com o país em 1942. Em novembro de 1946, o Afeganistão tornou-se membro das Nações Unidas.
No ano de 1953, o primeiro-ministro Daud Khan lançou um programa de modernização da economia, com a ajuda financeira da ex-União Soviética. Renunciou ao cargo em 1963, mas voltou ao governo em 1973, à frente de um golpe militar que depôs o rei Zahir e proclamou a República. Daud tornou-se presidente e durante seu governo contribuiu para o reforço da influência soviética sobre o país.
Em 1974, grupos islâmicos rebelaram-se contra o novo regime mas foram derrotados. Em abril de 1978, Daud foi deposto e morto pelos militares que o haviam conduzido ao poder. Mohamed Taraki, seu sucessor, implantou o regime de partido único, de inspiração comunista. Grupos islâmicos apoiados pelo Paquistão iniciaram as guerrilhas.
Acirrou-se a luta de facções no partido do governo, o Partido Democrático do Povo Afegão, de linha comunista. Incapazes de conter a rebelião, Taraki e Amin pediram ajuda à Rússia. Apesar do apoio militar, a resistência ao governo continuou em 1979. Em dezembro, Amin foi destronado e morto e o Afeganistão foi ocupado por tropas soviéticas. A ex- União Soviética colocou no lugar Babrak Karmal, o antigo vice-presidente. Embora ele tentasse aplacar os rebeldes, a insurreição persistiu e mais de 3 milhões de afegãos fugiram para o vizinho Paquistão. Durante os anos 80, forças do governo e cerca de 118.000 soldados soviéticos ocuparam as estradas e cidades principais, mas não conseguiram desalojar os rebeledes, que tiveram a ajuda da CIA americana. Em maio de 1986, Karmal renunciou, alegando motivos de saúde e foi substituído por Mohammad Najibullah, ex-chefe da polícia secreta.
Em 1989, a ex-União Soviética completou sua retirada do país, iniciada no ano anterior, em cumprimento a um acordo de paz assinado em Genebra. Continuou, no entanto,. a sustentar o regime afegão, a essa altura liderado por Mohammad Najibullah, ex-chefe da polícia secreta que havia derrubado Karmal em 1986. Os conflitos prosseguiram. Uma ofensiva da guerrilha, em abril de 1992, provocou a renúncia de Najibullah, diante das pressões de membros do governo, que negociaram a entrega do poder.
A perspectiva da vitória próxima agravou e trouxe à tona as divergências entre grupos rebeldes rivais. Uma ala, com quartel-general no Paquistão, defendia a instalação de um governo islâmico moderado, aberto a influências do Ocidente. Outros grupos, ligados ao Irã, queriam um estado teocrático, com a aplicação rigorosa da shari'ah.
Em abril de 1992, grupos guerrilheiros rivais ocuparam Cabul, a capital do país e começaram a lutar entre si. O Conselho Islâmico assumiu o poder e escolheu Sibhatullah Mohaddedei para a presidência. Entretanto, o líder da facção guerrilheira mais radical, Gulbuddin Hekmatyar, não aceitou o novo governo e comandou um bombardeio aos bairros da capital, controlados por seus adversários. O Conselho Islâmico escolheu, então,um novo presidente, Burhanuddin Rabbani.
Em 1993, os combates se haviam espalhado por todo o país, dividindo-o em zonas autônomas, sob o controle de grupos locais. Diante desse quadro, foi assinado um acordo de paz, segundo o qual Rabbani continuava na presidência e Hekmatyar se tornaria o primeiro-ministro. Mas o acordo não foi cumprido e os combates se agravaram. Prosseguiu, assim o êxodo de refugiados para o Paquistão e para o Irã. A essa altura, os 15 anos de guerra no Afeganistão já haviam deixado um saldo de 2 milhõe de mortos e 6 milhões de refugiados.
A partir de 1994, enquanto facções simpáticas a Rabbani ocupavam Cabul, um grupo de sunitas fundamentalistas, conhecido como Taleban, conquistava o controle da maior parte do país. O Taleban era um grupo formado por estudantes fundamentalistas muçulmanos, que defendiam práticas extremistas, como a exclusão social das mulheres. Liderado por Mohammed Umar, e com provável apoio do vizinho Paquistão, o Taleban ganhou popularidade e passou a controlar um terço do Afeganistão. Ameaçou invadir Cabul e exigiu a saída de Rabbani e a criação de um estado islâmico "puro". Em março, as forças de Rabbani revidaram com um ataque o Taleban e expulsaram a milícia da área de Cabul. Em setembro, a milícia tomou a cidadde de Herat, no extremo oeste do país.
Em setembro de 1996, os talebans entraram na capital e Rabbani e seus partidários fugiram para o norte. Najibullah foi executado junto com muitos de seu grupo e os taleban estabeleceram um conselho de governo composto de seis integrantes. O conselho, imediatamente começou a impor a sua marca de governo rigorosamente islâmico. Durante o ano de 1997, o Taleban buscou estender seu controle ao resto do país, mas encontrou uma resistência por parte de Rabbani e de seus aliados, que estabeleceram uma fortaleza no norte do país, perto de Mazar-e-Sharif. Em julho de 1998, os Taleban iniciaram uma nova ofensiva e em agosto Mazar-e-Sharif foi ocupada, com a morte de muitos civis, inclusive um grupo de diplomatas iranianos, o que aumentou as tensões com o Irã. Mais tarde, após o ataque às embaixadas americanas no Quênia e Tanzânia, os Estados Unidos atacaram com mísseis o que eles achavam ser um complexo de treinamento para terroristas internacionais do Afeganistão. Provou-se que o prédio era uma fábrica de produtos químicos para a fabricação de remédios. Nesta mesma ocasião, os Estados Unidos acusaram o rico empresário saudita Osama bin Laden de estar envolvido em outros atos de terrorismo. Quando o regime do Taleban se recusou a entregar Bin Laden aos Estados Unidos para julgamento, a ONU impôs pesadas sanções ao Afeganistão, que como sempre, afetam a população deste país, já empobrecido em decorência das constantes guerras por que passou.
Em função dos conflitos armados que ainda se sucedem no Afeganistão, a expectativa de vida no país é a mais baixa do planeta. Além disso, o Afeganistão possui um dos mais altos índices de analfabetismo da Ásia.
CENÁRIOS DA GUERRA
Três vértices compõem a atual história do Afeganistão: guerra, fanatismo e drogas. O primeiro tem presença constante neste país encravado no centro da Ásia. Sua posição geográfica o tornou uma das principais rotas para o comércio e expedições de conquista, fator que o fez objeto de cobiça para invasores como Alexandre, o Grande, Genghis Khan e na história mais recente da Grã-Bretanha e União Soviética.
Todos foram combatidos e repelidos pela união das tribos que vivem nas montanhas áridas do Afeganistão. Terminados os conflitos externos os afegãos se dedicam a disputas tribais, que transformaram o governo em um dos mais instáveis do mundo. A atual guerra civil do país já dura 22 anos e levou ao poder um grupo de puristas islâmicos.
O segundo ponto é o fanatismo, que está presente na maioria dos países do Oriente Médio, onde religião e Estado não se separam, mas atingiu seu ápice entre os afegãos com as idéias obscurantistas do Talibã. Os integrantes da milícia islâmica proíbem qualquer coisa que esteja ligada à diversão - de ouvir música a empinar pipa - sob o argumento de que o homem nasceu para apreciar Alá, objetivo de que não deve se desviar. Como se isto não bastasse os "estudantes" (tradução de talibãs) rebaixaram as já oprimidas afegãs a cidadãs de terceira classe. Elas não podem estudar, trabalhar e sequer têm acesso a atendimento médico, podem ser surradas em público se saírem a rua sem a burqa (um véu que cobre todo o rosto e corpo) ou a presença de um parente homem.
As drogas são a terceira ponta deste triangulo. Destruído por dez anos de guerra contra a invasão soviética, seguidos de 22 anos de guerra civil, o Afeganistão não é um dos melhores lugares do mundo para negócios: não tem um sistema bancário, o governo não investe na economia e o mercado interno é ínfimo. Assim os agricultores (mais de 85% da população) só têm duas opções: a agricultura de subsistência, que sofre com as prolongadas secas, e a cultura da dormideira, ou papoula. Esta última, rende mais de US$ 100 milhões anuais e não é combatida pelas autoridades. Um cenário ideal para transformar o Afeganistão no maior produtor mundial de ópio e heroína.
ECONOMIA AFEGÃ FOI VITIMADA PELAS GUERRAS
Sem saída para o mar, com três quartos de seu território formado por montanhas e um clima árido, o Afeganistão vive da pequena produção artesanal e principalmente da agricultura, praticada por 85% da população. Mas com a evasão da mão de obra - causada pelas guerras e pelas ordens do Talibã, que proíbem mulheres de trabalhar - até mesmo a agricultura sofreu um processo de empobrecimento. Em 1992 (último ano de estatísticas oficiais), as superfícies cultivadas eram a metade do que haviam sido antes da invasão soviética, em 1979, e a produtividade de certos cultivos se reduziu em mais de 70%.
Três anos mais tarde, a situação havia piorado ainda mais, e a guerra fez desaparecer diretamente certos tipos de cultivo, como a vinha, a batata e a cana de açúcar. Um exemplo claro deste declínio são os casos do trigo, do milho, do arroz, algodão e frutas - os principais produtos agrícolas do país até 1977 - que atualmente são importados pelo governo de Cabul. O cultivo de algodão e a produção têxtil também declinaram na mesma medida. A indústria básica para a transformação de produtos agrícolas (açúcar, seda, conservas de fruta), que era apenas embrionária, desapareceu por completo, assim como a fabricação artesanal de tapetes e correias. O Afeganistão também deixou de exportar há muito tempo outro produto industrial no qual havia se especializado, o fio cirúrgico.
Como o país nunca teve um sistema bancário eficiente, os intercâmbios comerciais também ficaram profundamente desorganizados pela guerra. Finalmente, foram abandonados diversos projetos de infraestrutura que estavam planejados antes dos sucessivos conflitos, como a construção da linha ferroviária que uniria a fronteira do Irã com a do Paquistão e a construção de oleodutos para transferir petróleo do Turcomenistão.
Mas o país não é pobre de recursos. Seu solo é rico em minerais como carvão, ferro, cobre e pedras preciosas, entre estas as esmeraldas e os lápis-lazúlis, do qual possui a maior jazida do mundo. Mesmo diante deste cenário a maioria de suas riquezas minerais não é explorada, como é o caso do chumbo, zinco, estanho, tungstênio e talvez do urânio. Além dos metais o Afeganistão também é rico em gás natural, com reservas avaliadas em 120 bilhões de m³ pelo Banco Mundial, em 1998. Atualmente o principal produto agrícola do país é a papoula, com a qual se elabora o ópio e a heroína. O Afeganistão é responsável por 80% da produção mundial da droga.
AFEGANISTÃO: CELEIRO DE ÓPIO
Mesmo enfrentando a seca há mais de três anos um tipo de planta nunca morre no Afeganistão: é a dormideira. Mais conhecida como papoula, a planta dá origem ao ópio e a heroína, e converteu o país do mulá Omar no maior produtor mundial destas duas drogas. Responsáveis por 75% da produção mundial de heroína, os traficantes e produtores que atuam no país contam com aliados muito importantes. Segundo Observatório Geopolítico das Drogas (OGD), o Talibã e a Aliança do Norte não coíbem a produção, pelo contrário tiram amplos benefícios da produção de droga.
De acordo com um relatório do OGD, os talibãs obrigam camponeses que cultivam papoula a pagar um imposto, em espécie, de 12,5% de sua produção. O "dízimo" é revendido aos laboratórios de heroína do país, que por sua vez são obrigados a pagar uma taxa de US$ 70,00 por quilo de heroína produzida e outra de US$ 250,00 por quilo transportado.
Os opositores do Talibã também usam o dinheiro da papoula para financiar seu movimento, que pretende tomar o poder no Afeganistão a partir do norte do país. A Aliança do Norte, apoiada pelos Estados Unidos, é responsável por mais de 20% da produção nacional de heroína mesmo dominando menos de 10% do Afeganistão. E a participação da oposição tende a crescer neste mercado já que o mulá Omar decidiu, em julho de 2000, erradicar o cultivo da papoula. Ao contrário de outras proposições do líder supremo do Talibã esta não foi levada tão a sério e as reservas de ópio não teriam sido destruídas, representando ainda três anos de produção, estima um especialista.
NO AFEGANISTÃO, A GUERRA PODE SER ALGO TEDIOSO...
Imagine um país tão pobre em que até a guerra não funciona. A principio parece difícil, já que o homem sempre deu muito mais atenção aos conflitos do que a paz. Entretanto, isto é o que acontece no Afeganistão, em guerra civil há 22 anos, mas que nos últimos meses não teve sequer uma batalha por posições estratégicas. A calma é tanta que os correspondentes estrangeiros, que trabalham junto aos soldados da oposicionista Aliança do Norte, afirmam que esta é uma guerra de opereta.
Embora haja trincheiras, canhões e obuses, a guerra civil afegã está longe da imagem tradicional de uma guerra de posições - quando os dois Exércitos avançam e recuam de acordo com a própria sorte ou com o azar alheio. No caso afegão tanto os talibãs quanto os soldados da Aliança do Norte ficam em suas posições esperando um ataque ou uma ordem para atacar, que nunca vem. Isto acontece porque o dinheiro é tão pouco que a crise chegou à guerra: não há colunas de blindados ou ataques em massa, os tanques estão em sua maioria enferrujados e os soldados não parecem muito entusiasmados, mesmo recebendo alguns dólares a mais.
Mesmo agora, com o apoio dos norte-americanos os adversários do Talibã não se atrevem a lançar-se em um ataque heróico para conquistar Cabul. Em geral, os confrontos na frente ao norte de Cabul têm mais ou menos o mesmo desenvolvimento aplicado pelos talibãs desde 1996, ano da ocupação de Cabul e que significou o começo da enésima guerra civil no Afeganistão: alguns tiros para espantar o inimigo, mas nada que afete suas posições. Além disto a guerra parece consistir em tentar comprar chefes inimigos, fugir das rajadas de projéteis, consumir quantidades incríveis de chá e haxixe e, eventualmente, negociar com os inimigos para que troquem de lado.
PILARES DO ISLAM
Abdullah Ibn Omar (RAA) relatou que o Profeta (SAAS) disse:
" O Islam se assenta sobre pilares.
O primeiro de todos é darmos testemunho de que não há outra divindade além de Deus,
e que Mohammad é seu Mensageiro;
o segundo é praticarmos as orações;
o terceiro é pagarmos o tributo social (zakat),
o quarto é peregrinarmos a Casa de Deus (em Makka)
e o quinto é jejuarmos no mês de Ramadan"
(Relatado por Bukhairi e Muslim)
- A Fé (Shahada)
- A Oração (Salat)
- A Caridade (Zakat)
A pessoa piedosa deve também dar tanto quanto possa como caridade (sadaca), e fazê-lo preferivelmente em segredo. Apesar que esta palavra possa ser traduzida como "caridade voluntária", ela tem um significado mais amplo. O profeta disse: "Mesmo o encontrar o seu irmão com o rosto risonho é caridade" O Profeta disse "A caridade é uma necessidade para todo muçulmano", foi-lhe perguntado: "e se a pessoa não tiver nada para dar?", o profeta respondeu: "Deve trabalhar com suas próprias mãos para o seu benefício e então dar algo de tal ganho em caridade." Os companheiros perguntaram: " e se ele foi incapaz de trabalhar?" O profeta respondeu: "Ele deve ajudar os pobres e necessitados", perguntaram novamente: "e se não puder fazer isto?", o profeta respondeu: "deve incitar as pessoas a praticarem o bem" e os companheiros perguntaram ainda "e se também não puder fazer isto?" O profeta respondeu "Deve se afastar da prática do mal, que isto também é caridade."
- O Jejum(Siam)
Todo ano, durante o mês de Ramadan, todos os muçulmanos jejuam desde a alvorada até o por do sol, abstendo-se da comida, da bebida e das relações sexuais. Quem estiver doente, for idoso, ou em viagem, e mulher grávida ou amamentando é permitido quebrar o jejum e jejuar o mesmo número de dias em outra época do ano. Se houver incapacidade física para fazê-lo, devem alimentar uma pessoa necessitada para cada dia não jejuado. As crianças começam a jejuar (e praticar as orações) a partir da puberdade, apesar de muitos começarem mais cedo.Apesar do jejum ser muito benéfico para a saúde, é considerado um método de purificação pessoal. Ao privar-se dos confortos mundanos, mesmo por um período curto, o jejuador adquire verdadeira simpatia por aqueles que sofrem fome, ao mesmo tempo desenvolve a sua vida espiritual.
- A Peregrinação(Hajj)
A peregrinação anual a Meca (hajj) é uma obrigação somente para aqueles que são física e financeiramente capazes de empreendê-la. Portanto, dois milhões de pessoas aproximadamente vão a Meca cada ano, de toda parte do Globo, oferecendo uma única oportunidade para os provenientes de nações diferentes a se encontrarem. Apesar de Meca estar sempre cheia de visitantes, o hajj anual começa no décimo segundo mês do calendário islâmico (que é lunar, não solar, assim o hajj no verão, outras no inverno). Os peregrinos vestem roupas especiais: vestimentas simples que eliminam as distinções de classes e cultura, assim todos ficam iguais perante Deus. Os rituais do hajj foram substituídas por Abraão, incluindo o circundar a Caaba por 7 vezes, e o percorrer 7 vezes a distância entre os montes Safa e Marwa, como fez Hagar durante a sua procura de água. Então os peregrinos se põem em pé no vasto vale de Arafat e se juntam em oração para pedir o perdão a Deus. Pensa-se que esta cena é uma visão do Dia do Juízo Final.
Nos séculos passados, o hajj era um empreendimento árduo. Hoje, porém, a Arábia Saudita fornece água, transporte moderno e as mais modernas facilidades de atendimento médico a milhões de pessoas. O encerramento da peregrinação é marcado por um festival, Eid-Al-Adha, celebrado com orações e troca de presentes entre as comunidades islâmicas. Este Eid e o Eid-al-Fith, uma festa comemorando o final de Ramadan, são as principais festas do calendário islâmico.
GEOGRAFIA
População:
23.000.000 (aprox.)
Ano | População | Crescimento anual | Densidade |
2000 | 22.720.000 | +2.93% | 35 por km² |
2010 | 32.902.000 | +2.58% | 50 por km² |
2025 | 44.934.000 | +1.95% | 69 por km² |
(Nenhum censo ou pesquisa étnica criteriosa foram feitos. Os números são estimativas.)
Os refugiados afegãos em 2000 chegaram a 1.400.000 no Irã, 2.200.000 a 3.000.000 no Paquistão e em menor número em várias localidades do mundo. Em 1999 foram 6.500.000.
Capital: Kabul, com 2.700.000 habitantes.
A capital tem sido destruída pela extensa guerra civil. Outras cidades: Kandahar com 420.000 habitantes, Mazar-e-Sharif com 270.000. Taxa de urbanismo: 22%
POVOS E LÍNGUA
Indo-iranianos (86.8% do país)
O maior: Pashtun (Pathan) 9.700.000, depois Tajik 4.000.000; Hazara/Aimaq (de origem turca) 1.800.000. Outros de fala persa: 770.000; Baluch 260.00; Povos Nuristani (11) 250.000
Povos de língua turca (10.7% do país)
10 povos. Uzbek 1.800.000; Turcomeno 520.000
Outros povos (2.5% do país)
Brahui 240.000; Pashai 160.000.
Alfabetização: 10-31% (índice bem menor entre as mulheres)
Língua oficial: Pashto (usada por 50% da população), Dari (afegã persa, 35%). 50 línguas ao todo.
Línguas com Escrituras: 2 com NT e 3 com Porções da Bíblia.
ECONOMIA
POLÍTICA
A monarquia foi destronada em 1973. O governo republicano terminou em golpe marxista em 1978. Depois foram invadidos pela União Soviética. Dez anos de guerra terminaram com a retirada humilhante das forças soviéticas em 1988-989. A guerra civil entre as facções étcnicas e religiosas continua causando danos enormes. O extremismo islâmico Talibã (principalmente Pashtun) assumiu o controle sobre 90% do país até 2001. Sanções da ONU em 2001 isolaram o país ainda mais.
RELIGIÃO
Religiões | % População | Adeptos | Crescimento anual |
Islamismo | 97.89 | 22.241.015 | +2.9 |
Zoroastrianismo | 1.50 | 340.806 | +2.9 |
Hinduísmo | 0.35 | 79.521 | +0.2 |
Étnicas tradicionais | 0.10 | 22.720 | +2.9 |
Baha’I | 0.10 | 22.720 | Sem inform. |
Cristianismo | 0.02 | 3.000 | Sem inform. |
Sikh | 0.02 | 4.544 | +2.9 |
Sem religião | 0.01 | 2.272 | +2.9 |
Os não muçulmanos podem ser bem menos do que acima listado. Nenhuma igreja cristã é permitida. O número de cristãos afegãos é estimado entre 1.000 e 3.000. Alguns obreiros cristãos expatriados recebem permissão para servir em programas sociais.
A HISTÓRIA DO AFEGANISTÃO
Os primeiros registros históricos sobre o Afeganistão datam do século VI a.C, quando foi incorporado ao império persa. Juntamente com os persas, a região foi subjugada, depois, por Alexandre, o Grande (século IV a.C). Após sua morte, a região caiu sob o domínio de um general de Alexandre, Seleucus I, mais tarde do rei indiano, Chadragupta e, mais uma vez, de uma dinastia grega que se estabeleceu em Bactria, ao norte do Afeganistão, e que fundou um estado que durou até 130 a.C. Este estado greco-bactriano se rendeu aos nômades iranianos, chamados de Sakas e adotaram o budismo como religião. Nos séculos III e IV d.C, os persas sassânidas invadiram o país e lá permaneceram até a chegada dos árabes, em meados do século VII d.C.
Séculos se passaram antes que o Islam se transformasse na religião dominante. O controle político árabe, enquanto isso, foi substituído por governos turcos e iranianos. A total ascendência turca sobre a região foi estabelecida mais tarde, no final do século X e início do século XI pelo sultão muçulmano Mahmud de Ghazna (971-1030).
A cultura islâmica depois alcançou o seu auge sob a dinastia dos ghuridas. Aos poucos, eles ampliaram seu governo até o norte da Ìndia, mas foram esmagados pelas invasões mongóis, lideradas por Gêngis Khan, que chegou do norte, em torno de 1220. A maior parte do país permaneceu sob domínio mongol até perto do século XIV, quando Tamerlão, um conquistador turcomano ocupou o norte do Afeganistão. Entre os mais notáveis sucessores de Tamerlão, estava Babur, fundador da dinastia mogol na Índia, que conquistou Cabul em 1504. Mais tarde, no século XVI, os safávidas do Irã e os uzbeques do norte fizeram incursões na região. Os sucessores mogóis e iranianos de Babur enfrentaram contínuas revoltas afegãs.
Durante o século XVI, os afegãos começaram a ganhar poder. A tribo ghilzai conquistou Isfahan, a capital iraniana, em 1722. Em sequida, uma vigorosa contraofensiva iraniana foi iniciada pelo governante turcomano, Nadir Shah, que em 1738, restabeleceu a autoridade iraniana sobre todo o Afeganistão. Nadir foi assassinado em 1747, e foi substituído por Ahmad Shah, um general da tribo abdali, que fundou uma dinastia que permaneceu no poder até 1818. Ahmad Shah ficou conhecido como Durri-i-Dauran e os abdalis como os duranis. Ahmad Shah aumentou seus domínios, conquistando o leste do Irã, o Beluquistão, a Caxemira e parte do Punjab. Em 1826, Dost Mohammad Khan, um membro de uma proeminente família afegã, assumiu o controle do leste do Afeganistão e tomou o título de emir.
No século XIX, o Afeganistão tornou-se palco de uma acirrada disputa entre os impérios russo e britânico. Em 1839, tropas inglesas invadiram o país, sendo repelidas ao final de quatro anos de combates. Mais tarde, uma nova guerra (1878 - 1880), colocou a monarquia afegã sob a tutela britânica até 1919, quando o país conquistou a sua independência. Abd-ar-Rahman Khan, neto de Dost Mohammad Khan assumiu o trono. Em 1907, durante o reinado de Habibullah Khan, o filho e sucessor de Abd-ar-Rahman-Khan, os governos inglês e russo concluíram o acordo de respeito mútuo, que garantia a integridade territorial do Afeganistão. Habibullah foi assassinado em 1919 e seu irmão, Nasrullah Khan, que assumiu assumiu o trono por apenas 6 dias, foi deposto pela nobreza afegã, em favor de Amanullah Khan, filho de Habibullah. Determinado a retirar seu país completamente da esfera inglesa de influência, ele declarou guerra à Inglaterra. Os ingleses, que ao mesmo tempo enfrentaram o crescente movimento de libertação indiano, negociaram um tratado de paz com o Afeganistão, pelo qual reconheciam a soberania do país e a independência da nação.
A popularidade e o prestígio que Amanullah tinha conquistado logo se dissiparam. Profundamente impressionado com os programas modernizantes do Irã e da Turquia, ele instituiu uma série de reformas políticas, sociais e religiosa. O governo constitucional foi inaugurado em 1923, os títulos de nobreza foram abolidos, a educação foi estabelecida para as mulheres e outras medidas mais amplas que modernizavam as instituições tradicionais foram reforçadas. A hostilidade provocada pelo programa de reformas do rei levaram à revolta de 1929 e Amanullah abdicou e se exilou. Depois de alguns distúrbios, o governo foi passado para Nadir Shah.
O novo governo, aos poucos, restabeleceu a ordem no reino. Em 1932, Nadir iniciou um programa de reformas econômicas mas foi assassinado no ano seguinte. Seu filho e sucessor, Zahir Shah, que tinha apenas 19 anos quando assumiu, foi dominado por 30 anos por seus tios e primos, principalmente seu primo e, mais tarde cunhado, Príncipe Mohammad Daud Khan. O governo intensificou o programa de modernização iniciado por Nadir Shah e estabeleceu relações comerciais com a Alemanha, Itália e Japão. Zahir Shah declarou a neutralidade do Afeganistão quando eclodiu a II Guerra Mundial. No entanto, em 1941, a pedido da Inglaterra e da ex-União Soviética, mais de duzentos agentes alemães e italianos foram expulsos do país. Os Estados Unidos estabeleceram relações diplomáticas com o país em 1942. Em novembro de 1946, o Afeganistão tornou-se membro das Nações Unidas.
No ano de 1953, o primeiro-ministro Daud Khan lançou um programa de modernização da economia, com a ajuda financeira da ex-União Soviética. Renunciou ao cargo em 1963, mas voltou ao governo em 1973, à frente de um golpe militar que depôs o rei Zahir e proclamou a República. Daud tornou-se presidente e durante seu governo contribuiu para o reforço da influência soviética sobre o país.
Em 1974, grupos islâmicos rebelaram-se contra o novo regime mas foram derrotados. Em abril de 1978, Daud foi deposto e morto pelos militares que o haviam conduzido ao poder. Mohamed Taraki, seu sucessor, implantou o regime de partido único, de inspiração comunista. Grupos islâmicos apoiados pelo Paquistão iniciaram as guerrilhas.
Acirrou-se a luta de facções no partido do governo, o Partido Democrático do Povo Afegão, de linha comunista. Incapazes de conter a rebelião, Taraki e Amin pediram ajuda à Rússia. Apesar do apoio militar, a resistência ao governo continuou em 1979. Em dezembro, Amin foi destronado e morto e o Afeganistão foi ocupado por tropas soviéticas. A ex- União Soviética colocou no lugar Babrak Karmal, o antigo vice-presidente. Embora ele tentasse aplacar os rebeldes, a insurreição persistiu e mais de 3 milhões de afegãos fugiram para o vizinho Paquistão. Durante os anos 80, forças do governo e cerca de 118.000 soldados soviéticos ocuparam as estradas e cidades principais, mas não conseguiram desalojar os rebeledes, que tiveram a ajuda da CIA americana. Em maio de 1986, Karmal renunciou, alegando motivos de saúde e foi substituído por Mohammad Najibullah, ex-chefe da polícia secreta.
Em 1989, a ex-União Soviética completou sua retirada do país, iniciada no ano anterior, em cumprimento a um acordo de paz assinado em Genebra. Continuou, no entanto,. a sustentar o regime afegão, a essa altura liderado por Mohammad Najibullah, ex-chefe da polícia secreta que havia derrubado Karmal em 1986. Os conflitos prosseguiram. Uma ofensiva da guerrilha, em abril de 1992, provocou a renúncia de Najibullah, diante das pressões de membros do governo, que negociaram a entrega do poder.
A perspectiva da vitória próxima agravou e trouxe à tona as divergências entre grupos rebeldes rivais. Uma ala, com quartel-general no Paquistão, defendia a instalação de um governo islâmico moderado, aberto a influências do Ocidente. Outros grupos, ligados ao Irã, queriam um estado teocrático, com a aplicação rigorosa da shari'ah.
Em abril de 1992, grupos guerrilheiros rivais ocuparam Cabul, a capital do país e começaram a lutar entre si. O Conselho Islâmico assumiu o poder e escolheu Sibhatullah Mohaddedei para a presidência. Entretanto, o líder da facção guerrilheira mais radical, Gulbuddin Hekmatyar, não aceitou o novo governo e comandou um bombardeio aos bairros da capital, controlados por seus adversários. O Conselho Islâmico escolheu, então,um novo presidente, Burhanuddin Rabbani.
Em 1993, os combates se haviam espalhado por todo o país, dividindo-o em zonas autônomas, sob o controle de grupos locais. Diante desse quadro, foi assinado um acordo de paz, segundo o qual Rabbani continuava na presidência e Hekmatyar se tornaria o primeiro-ministro. Mas o acordo não foi cumprido e os combates se agravaram. Prosseguiu, assim o êxodo de refugiados para o Paquistão e para o Irã. A essa altura, os 15 anos de guerra no Afeganistão já haviam deixado um saldo de 2 milhõe de mortos e 6 milhões de refugiados.
A partir de 1994, enquanto facções simpáticas a Rabbani ocupavam Cabul, um grupo de sunitas fundamentalistas, conhecido como Taleban, conquistava o controle da maior parte do país. O Taleban era um grupo formado por estudantes fundamentalistas muçulmanos, que defendiam práticas extremistas, como a exclusão social das mulheres. Liderado por Mohammed Umar, e com provável apoio do vizinho Paquistão, o Taleban ganhou popularidade e passou a controlar um terço do Afeganistão. Ameaçou invadir Cabul e exigiu a saída de Rabbani e a criação de um estado islâmico "puro". Em março, as forças de Rabbani revidaram com um ataque o Taleban e expulsaram a milícia da área de Cabul. Em setembro, a milícia tomou a cidadde de Herat, no extremo oeste do país.
Em setembro de 1996, os talebans entraram na capital e Rabbani e seus partidários fugiram para o norte. Najibullah foi executado junto com muitos de seu grupo e os taleban estabeleceram um conselho de governo composto de seis integrantes. O conselho, imediatamente começou a impor a sua marca de governo rigorosamente islâmico. Durante o ano de 1997, o Taleban buscou estender seu controle ao resto do país, mas encontrou uma resistência por parte de Rabbani e de seus aliados, que estabeleceram uma fortaleza no norte do país, perto de Mazar-e-Sharif. Em julho de 1998, os Taleban iniciaram uma nova ofensiva e em agosto Mazar-e-Sharif foi ocupada, com a morte de muitos civis, inclusive um grupo de diplomatas iranianos, o que aumentou as tensões com o Irã. Mais tarde, após o ataque às embaixadas americanas no Quênia e Tanzânia, os Estados Unidos atacaram com mísseis o que eles achavam ser um complexo de treinamento para terroristas internacionais do Afeganistão. Provou-se que o prédio era uma fábrica de produtos químicos para a fabricação de remédios. Nesta mesma ocasião, os Estados Unidos acusaram o rico empresário saudita Osama bin Laden de estar envolvido em outros atos de terrorismo. Quando o regime do Taleban se recusou a entregar Bin Laden aos Estados Unidos para julgamento, a ONU impôs pesadas sanções ao Afeganistão, que como sempre, afetam a população deste país, já empobrecido em decorência das constantes guerras por que passou.
Em função dos conflitos armados que ainda se sucedem no Afeganistão, a expectativa de vida no país é a mais baixa do planeta. Além disso, o Afeganistão possui um dos mais altos índices de analfabetismo da Ásia.
CENÁRIOS DA GUERRA
Três vértices compõem a atual história do Afeganistão: guerra, fanatismo e drogas. O primeiro tem presença constante neste país encravado no centro da Ásia. Sua posição geográfica o tornou uma das principais rotas para o comércio e expedições de conquista, fator que o fez objeto de cobiça para invasores como Alexandre, o Grande, Genghis Khan e na história mais recente da Grã-Bretanha e União Soviética.
Todos foram combatidos e repelidos pela união das tribos que vivem nas montanhas áridas do Afeganistão. Terminados os conflitos externos os afegãos se dedicam a disputas tribais, que transformaram o governo em um dos mais instáveis do mundo. A atual guerra civil do país já dura 22 anos e levou ao poder um grupo de puristas islâmicos.
O segundo ponto é o fanatismo, que está presente na maioria dos países do Oriente Médio, onde religião e Estado não se separam, mas atingiu seu ápice entre os afegãos com as idéias obscurantistas do Talibã. Os integrantes da milícia islâmica proíbem qualquer coisa que esteja ligada à diversão - de ouvir música a empinar pipa - sob o argumento de que o homem nasceu para apreciar Alá, objetivo de que não deve se desviar. Como se isto não bastasse os "estudantes" (tradução de talibãs) rebaixaram as já oprimidas afegãs a cidadãs de terceira classe. Elas não podem estudar, trabalhar e sequer têm acesso a atendimento médico, podem ser surradas em público se saírem a rua sem a burqa (um véu que cobre todo o rosto e corpo) ou a presença de um parente homem.
As drogas são a terceira ponta deste triangulo. Destruído por dez anos de guerra contra a invasão soviética, seguidos de 22 anos de guerra civil, o Afeganistão não é um dos melhores lugares do mundo para negócios: não tem um sistema bancário, o governo não investe na economia e o mercado interno é ínfimo. Assim os agricultores (mais de 85% da população) só têm duas opções: a agricultura de subsistência, que sofre com as prolongadas secas, e a cultura da dormideira, ou papoula. Esta última, rende mais de US$ 100 milhões anuais e não é combatida pelas autoridades. Um cenário ideal para transformar o Afeganistão no maior produtor mundial de ópio e heroína.
ECONOMIA AFEGÃ FOI VITIMADA PELAS GUERRAS
Sem saída para o mar, com três quartos de seu território formado por montanhas e um clima árido, o Afeganistão vive da pequena produção artesanal e principalmente da agricultura, praticada por 85% da população. Mas com a evasão da mão de obra - causada pelas guerras e pelas ordens do Talibã, que proíbem mulheres de trabalhar - até mesmo a agricultura sofreu um processo de empobrecimento. Em 1992 (último ano de estatísticas oficiais), as superfícies cultivadas eram a metade do que haviam sido antes da invasão soviética, em 1979, e a produtividade de certos cultivos se reduziu em mais de 70%.
Três anos mais tarde, a situação havia piorado ainda mais, e a guerra fez desaparecer diretamente certos tipos de cultivo, como a vinha, a batata e a cana de açúcar. Um exemplo claro deste declínio são os casos do trigo, do milho, do arroz, algodão e frutas - os principais produtos agrícolas do país até 1977 - que atualmente são importados pelo governo de Cabul. O cultivo de algodão e a produção têxtil também declinaram na mesma medida. A indústria básica para a transformação de produtos agrícolas (açúcar, seda, conservas de fruta), que era apenas embrionária, desapareceu por completo, assim como a fabricação artesanal de tapetes e correias. O Afeganistão também deixou de exportar há muito tempo outro produto industrial no qual havia se especializado, o fio cirúrgico.
Como o país nunca teve um sistema bancário eficiente, os intercâmbios comerciais também ficaram profundamente desorganizados pela guerra. Finalmente, foram abandonados diversos projetos de infraestrutura que estavam planejados antes dos sucessivos conflitos, como a construção da linha ferroviária que uniria a fronteira do Irã com a do Paquistão e a construção de oleodutos para transferir petróleo do Turcomenistão.
Mas o país não é pobre de recursos. Seu solo é rico em minerais como carvão, ferro, cobre e pedras preciosas, entre estas as esmeraldas e os lápis-lazúlis, do qual possui a maior jazida do mundo. Mesmo diante deste cenário a maioria de suas riquezas minerais não é explorada, como é o caso do chumbo, zinco, estanho, tungstênio e talvez do urânio. Além dos metais o Afeganistão também é rico em gás natural, com reservas avaliadas em 120 bilhões de m³ pelo Banco Mundial, em 1998. Atualmente o principal produto agrícola do país é a papoula, com a qual se elabora o ópio e a heroína. O Afeganistão é responsável por 80% da produção mundial da droga.
AFEGANISTÃO: CELEIRO DE ÓPIO
Mesmo enfrentando a seca há mais de três anos um tipo de planta nunca morre no Afeganistão: é a dormideira. Mais conhecida como papoula, a planta dá origem ao ópio e a heroína, e converteu o país do mulá Omar no maior produtor mundial destas duas drogas. Responsáveis por 75% da produção mundial de heroína, os traficantes e produtores que atuam no país contam com aliados muito importantes. Segundo Observatório Geopolítico das Drogas (OGD), o Talibã e a Aliança do Norte não coíbem a produção, pelo contrário tiram amplos benefícios da produção de droga.
De acordo com um relatório do OGD, os talibãs obrigam camponeses que cultivam papoula a pagar um imposto, em espécie, de 12,5% de sua produção. O "dízimo" é revendido aos laboratórios de heroína do país, que por sua vez são obrigados a pagar uma taxa de US$ 70,00 por quilo de heroína produzida e outra de US$ 250,00 por quilo transportado.
Os opositores do Talibã também usam o dinheiro da papoula para financiar seu movimento, que pretende tomar o poder no Afeganistão a partir do norte do país. A Aliança do Norte, apoiada pelos Estados Unidos, é responsável por mais de 20% da produção nacional de heroína mesmo dominando menos de 10% do Afeganistão. E a participação da oposição tende a crescer neste mercado já que o mulá Omar decidiu, em julho de 2000, erradicar o cultivo da papoula. Ao contrário de outras proposições do líder supremo do Talibã esta não foi levada tão a sério e as reservas de ópio não teriam sido destruídas, representando ainda três anos de produção, estima um especialista.
NO AFEGANISTÃO, A GUERRA PODE SER ALGO TEDIOSO...
Imagine um país tão pobre em que até a guerra não funciona. A principio parece difícil, já que o homem sempre deu muito mais atenção aos conflitos do que a paz. Entretanto, isto é o que acontece no Afeganistão, em guerra civil há 22 anos, mas que nos últimos meses não teve sequer uma batalha por posições estratégicas. A calma é tanta que os correspondentes estrangeiros, que trabalham junto aos soldados da oposicionista Aliança do Norte, afirmam que esta é uma guerra de opereta.
Embora haja trincheiras, canhões e obuses, a guerra civil afegã está longe da imagem tradicional de uma guerra de posições - quando os dois Exércitos avançam e recuam de acordo com a própria sorte ou com o azar alheio. No caso afegão tanto os talibãs quanto os soldados da Aliança do Norte ficam em suas posições esperando um ataque ou uma ordem para atacar, que nunca vem. Isto acontece porque o dinheiro é tão pouco que a crise chegou à guerra: não há colunas de blindados ou ataques em massa, os tanques estão em sua maioria enferrujados e os soldados não parecem muito entusiasmados, mesmo recebendo alguns dólares a mais.
Mesmo agora, com o apoio dos norte-americanos os adversários do Talibã não se atrevem a lançar-se em um ataque heróico para conquistar Cabul. Em geral, os confrontos na frente ao norte de Cabul têm mais ou menos o mesmo desenvolvimento aplicado pelos talibãs desde 1996, ano da ocupação de Cabul e que significou o começo da enésima guerra civil no Afeganistão: alguns tiros para espantar o inimigo, mas nada que afete suas posições. Além disto a guerra parece consistir em tentar comprar chefes inimigos, fugir das rajadas de projéteis, consumir quantidades incríveis de chá e haxixe e, eventualmente, negociar com os inimigos para que troquem de lado.
PILARES DO ISLAM
Abdullah Ibn Omar (RAA) relatou que o Profeta (SAAS) disse:
" O Islam se assenta sobre pilares.
O primeiro de todos é darmos testemunho de que não há outra divindade além de Deus,
e que Mohammad é seu Mensageiro;
o segundo é praticarmos as orações;
o terceiro é pagarmos o tributo social (zakat),
o quarto é peregrinarmos a Casa de Deus (em Makka)
e o quinto é jejuarmos no mês de Ramadan"
(Relatado por Bukhairi e Muslim)
- A Fé (Shahada)
- A Oração (Salat)
- A Caridade (Zakat)
A pessoa piedosa deve também dar tanto quanto possa como caridade (sadaca), e fazê-lo preferivelmente em segredo. Apesar que esta palavra possa ser traduzida como "caridade voluntária", ela tem um significado mais amplo. O profeta disse: "Mesmo o encontrar o seu irmão com o rosto risonho é caridade" O Profeta disse "A caridade é uma necessidade para todo muçulmano", foi-lhe perguntado: "e se a pessoa não tiver nada para dar?", o profeta respondeu: "Deve trabalhar com suas próprias mãos para o seu benefício e então dar algo de tal ganho em caridade." Os companheiros perguntaram: " e se ele foi incapaz de trabalhar?" O profeta respondeu: "Ele deve ajudar os pobres e necessitados", perguntaram novamente: "e se não puder fazer isto?", o profeta respondeu: "deve incitar as pessoas a praticarem o bem" e os companheiros perguntaram ainda "e se também não puder fazer isto?" O profeta respondeu "Deve se afastar da prática do mal, que isto também é caridade."
- O Jejum(Siam)
Todo ano, durante o mês de Ramadan, todos os muçulmanos jejuam desde a alvorada até o por do sol, abstendo-se da comida, da bebida e das relações sexuais. Quem estiver doente, for idoso, ou em viagem, e mulher grávida ou amamentando é permitido quebrar o jejum e jejuar o mesmo número de dias em outra época do ano. Se houver incapacidade física para fazê-lo, devem alimentar uma pessoa necessitada para cada dia não jejuado. As crianças começam a jejuar (e praticar as orações) a partir da puberdade, apesar de muitos começarem mais cedo.Apesar do jejum ser muito benéfico para a saúde, é considerado um método de purificação pessoal. Ao privar-se dos confortos mundanos, mesmo por um período curto, o jejuador adquire verdadeira simpatia por aqueles que sofrem fome, ao mesmo tempo desenvolve a sua vida espiritual.
- A Peregrinação(Hajj)
A peregrinação anual a Meca (hajj) é uma obrigação somente para aqueles que são física e financeiramente capazes de empreendê-la. Portanto, dois milhões de pessoas aproximadamente vão a Meca cada ano, de toda parte do Globo, oferecendo uma única oportunidade para os provenientes de nações diferentes a se encontrarem. Apesar de Meca estar sempre cheia de visitantes, o hajj anual começa no décimo segundo mês do calendário islâmico (que é lunar, não solar, assim o hajj no verão, outras no inverno). Os peregrinos vestem roupas especiais: vestimentas simples que eliminam as distinções de classes e cultura, assim todos ficam iguais perante Deus. Os rituais do hajj foram substituídas por Abraão, incluindo o circundar a Caaba por 7 vezes, e o percorrer 7 vezes a distância entre os montes Safa e Marwa, como fez Hagar durante a sua procura de água. Então os peregrinos se põem em pé no vasto vale de Arafat e se juntam em oração para pedir o perdão a Deus. Pensa-se que esta cena é uma visão do Dia do Juízo Final.
Nos séculos passados, o hajj era um empreendimento árduo. Hoje, porém, a Arábia Saudita fornece água, transporte moderno e as mais modernas facilidades de atendimento médico a milhões de pessoas. O encerramento da peregrinação é marcado por um festival, Eid-Al-Adha, celebrado com orações e troca de presentes entre as comunidades islâmicas. Este Eid e o Eid-al-Fith, uma festa comemorando o final de Ramadan, são as principais festas do calendário islâmico.
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