A GEOGRAFIA E OS PRINCIPAIS FOCOS DE TENSÃO DO MUNDO ATUAL
Pode-se afirmar, que um dos ramos mais fecundos da ciência geográfica é a Geografia Política, termo que muitas pessoas confundem com a Geopolítica. De uma maneira sintética, pode-se dizer que a primeira tem como um dos objetivos principais a análise da dinâmica dos processos políticos no espaço, enquanto que a segunda relaciona-se mais diretamente com as questões estratégicas e militares.
Um dos principais elementos de análise da Geografia Política é a questão dos Focos de Tensão. Segundo o geógrafo Yves Lacoste, as Zonas ou Focos de Tensão são espaços geográficos em que ocorrem, de forma aguda, conflitos de interesse entre duas ou mais unidades políticas ou entre grupos humanos organizados nacional ou internacionalmente. Por essa definição, nota-se que existem no espaço geográfico mundial uma variedade de conflitos das mais diferentes natureza, do ponto de vista político.
Atualmente, a mídia nacional e internacional têm dado grande ênfase às questões políticas mundiais e, portanto, nos tem apresentado os grandes focos de tensão. Esses focos têm sido bastante explorados no vestibular e, para que se tenha um bom desempenho neste conteúdo, aqui vão algumas dicas.
Uma análise de um foco de tensão deve ter como base pelo menos cinco parâmetros fundamentais:
1º) Estudo da posição geográfica da área
Trata-se de um dos elementos básicos de análise, pois, muitas vezes a localização estratégica de uma área pode ser um dos elementos-chave do foco. Veja o caso do Oriente Médio, por exemplo.
Para a realização e interpretação desse estudo, é indispensável fazer uso da cartografia, através de mapeamento.
2º) Relação do conflito com a Teoria Centro-Periferia
Normalmente, um foco está relacionado com uma das partes de maior poder, o centro, representado pelo Estado ou por um grupo humano, e a periferia, que corresponde à parte mais fraca e oprimida.
3º) Análise do foco de tensão
Trata-se de uma descrição dos acontecimentos — como, por exemplo, quem está lutando contra quem. O governo colombiano e os guerrilheiros das FARC exemplificam bem essa questão.
Outro aspecto importante é a ideologia de quem faz a análise. Todo cuidado é pouco ao se interpretar um determinado foco, pois a mídia, muitas vezes, tende a uma análise em função de sua identidade ideológica. As notícias veiculadas pela CNN (EUA) durante a guerra do golfo e no conflito de Kossovo servem como ilustração desse aspecto.
4º) Forças presentes
O foco pode ter uma ou várias causas básicas, diretas e indiretas. Como exemplos temos a influência dos países centrais, a exemplo dos EUA, e a questão étnica e religiosa, que tem determinado vários conflitos da atualidade.
5º) Levantamento de hipóteses sobre o futuro do foco
Esta é uma das questões mais complexas da Geografia Política, pois os processos políticos são dinâmicos e incertos. Um estudo mais detalhado dos itens anteriores pode deixá-lo mais seguro para levantar algumas hipóteses do foco em questão.
É importante ressaltar que, após o término da Guerra Fria e concomitantemente com o fim do denominado Conflito Leste-Oeste, acreditava-se que o mundo iria entrar em uma época de paz. Entretanto, constata-se que os conflitos apenas mudaram de natureza, sendo que na maioria dos casos eles não têm mais a conotação ideológica (capitalismo x socialismo) do passado, mas a influência das questões separatistas, religiosas e étnicas. O meu objetivo principal é o de fazer uma análise sintética dos principais conflitos. Sugiro que você acompanhe esse estudo com um mapa múndi, para facilitar a sua visão e localização espacial.
A complexidade política do Oriente Médio – uma visão sintética
O Oriente Médio é uma região estratégica do ponto de vista geopolítico, pois se trata de uma área de passagem entre três continentes. Além disso, foi o berço de grandes civilizações (fenícia, persa, assíria, babilônia e outras), e de três grandes religiões monoteístas - o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Vive também ao longo de sua história sob a influência de várias nações, o que faz com que esta região seja um dos grandes focos de tensão do mundo. É também caracterizado, em termos geográficos, pela presença de grandes desertos, pelo predomínio da população árabe e do islamismo e pela presença de grandes jazidas petrolíferas além da existência do Golfo Pérsico, importante área para o escoamento desse produto.
É uma região em que há uma grande associação entre a religião e a política e ao mesmo tempo há sérios problemas econômicos, apesar da riqueza gerada pelo petróleo. A intensificação da extração do petróleo alterou a estrutura econômica de grande parte dos países da região, elevando a renda nacional e a renda per capita. Porém, o subdesenvolvimento está longe de se extinguir, pois pouco se aplicou em obras de infra-estrutura, em assistência social ou em uma industrialização mais efetiva. Na verdade, os petrodólares ficam concentrados nas mãos dos governantes, que aumentam as suas fortunas individuais, principalmente no exterior, servindo também para os seus excessivos gastos militares. Politicamente a região é dominada por governos autoritários que se mantêm no poder há várias décadas e reprimem com mão-de-ferro os seus opositores, como, por exemplo, no Iraque, no Irã, na Síria, na Arábia Saudita, no Kuwait e no Egito.
Quanto à geopolítica internacional e à sua relação com o Oriente Médio, pode-se afirmar que os países desenvolvidos, sobretudo os Estados Unidos, a ex-URSS, a França e a Inglaterra, em grande parte são os responsáveis pela confusão política vigente na área. Na verdade, três fatos importantes contribuíram para que esta região se tornasse palco de inúmeros conflitos, a saber: as Duas Grandes Guerras Mundiais, a criação e a efetivação do Estado de Israel e a descoberta de grandes jazidas petrolíferas. Este último, pelo menos, é um dos argumentos de “justificativa” dos países capitalistas desenvolvidos, com destaque para os Estados Unidos, para as suas ingerências na região.
Diante dos fatos citados dá para se perceber claramente o quanto é complexa esta região, principalmente em termos políticos, sendo que esta área se caracteriza por inúmeros conflitos há décadas. E não é de forma gratuita que a imprensa mundial se refere a essa área como sendo um barril de pólvora. Um dos pontos fundamentais para o jogo de forças na região foi a criação, na antiga Palestina, do Estado de Israel. Em 29 de novembro de 1947, a ONU votou um plano de partilha da Palestina com a proposta de criar um Estado Judeu e outro Estado Árabe. Em maio de 1948 é proclamado o Estado de Israel, fruto do sionismo, que foi o movimento dos judeus para a criação do Estado Judaico. A Inglaterra foi um dos países que mais influenciou nesse processo e, após a criação desse Estado, quem dá mais sustentação econômica a ele são os Estados Unidos. A partir daí a situação na região começou a se agravar, pois não houve empenho por parte das grandes potências, principalmente dos Estados Unidos e países europeus, para que se fizesse cumprir a resolução da ONU quanto à implantação do Estado Árabe Palestino. Os árabes, sentindo-se lesados e, ao mesmo tempo, manipulados por lideranças feudais, declararam guerra ao Estado Sionista de Israel, sendo que eles estavam totalmente despreparados para um conflito e acabaram sofrendo grande derrota frente aos sionistas.
Com isso, a maioria da população palestina saiu da região por medo e também devido à expulsão por parte de Israel, constituindo uma diáspora (dispersão pelo mundo) e dando origem à denominada Questão Palestina, que, de uma forma mais simples, resume-se na luta dessa nação para a criação do Estado Palestino. O sustentáculo dessa luta é a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que é uma frente que congrega várias facções de tendências variadas.
É importante dizer que a partir da criação de Israel a antiga Palestina foi redividida, sendo que o Estado Judeu anexou cerca de 22% a mais do território palestino, sobretudo após os conflitos com os árabes; a Jordânia se apossou de cerca de 20% e a Faixa de Gaza ficou sob administração egípcia. Mais tarde Israel ocupou a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, que têm população majoritariamente palestina.
Por esse pequeno histórico pode-se afirmar que esta questão não é fácil de ser solucionada, pois, só para se ter uma idéia da complexidade do problema, imagine, no caso da criação de um Estado Palestino, como ficaria a cidade de Jerusalém, que está dentro do território palestino proposto pela ONU. Essa entidade, propôs a condição de status internacional para esta cidade, só que ela tem um sentido sagrado não só para os judeus, mas também para os muçulmanos e cristãos. Apesar da complexidade e das dimensões, inclusive em termos de violência, da questão árabe-israelense no Oriente Médio, esta questão tem origens relativamente recentes, no início deste século, pois estes povos já viveram harmonicamente na região ao longo de sua história e, na verdade, o conflito apareceu sobretudo a partir do movimento sionista.
Entretanto, após várias décadas de conflito foram feitas várias tentativas de paz na região, através de acordos. Um dos mais importantes foram os denominados Acordos de Oslo em que no ano de 1993, a OLP e o primeiro-ministro trabalhista de Israel, Itzhak Rabin, firmam um acordo de paz em Washington, o qual foi batizado de Oslo, por ser o resultado de negociações ocorridas na capital da Noruega. Os dois lados se reconhecem e assinam um documento que inclui uma série de princípios que prevê a devolução aos palestinos da maior parte da Faixa de Gaza e de parte da Cisjordânia. A partir de 1994, os palestinos conquistam autonomia plena na maioria da Faixa de Gaza e em Jericó, assumindo a administração civil e a segurança interna. A defesa e as relações exteriores continuam em poder de Israel. Por outro lado, a evolução nas negociações, entretanto, é dificultada pela ação de grupos terroristas que se opõem aos acordos.
No de 1995, Israel e a OLP avançam nas negociações e assinam em Washington acordo de extensão do controle palestino na Cisjordânia (Oslo II). Em 1998, o primeiro-ministro de Israel Binyamin Netayahu e o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Iasser Arafat, assinaram mais um acordo estabelecendo nova retirada de israelenses da Cisjordânia em troca de garantias de segurança dos palestinos contra Israel, sendo que tal acordo já estava prevista nas negociações de Oslo. Veja na figura 6 maiores detalhes desse acordo.
Entretanto, pontos desse acordo não foram plenamente cumprido por Netanyahu, cujo governo se desfaz no final de 1998, em meio a divergências sobre os rumos do processo de paz. Em 1999, o trabalhista Ehud Barak forma uma coalizão ampla de governo (incluindo partidos religiosos), e vence as eleições, e retoma as negociações de paz com os palestinos. Ele desocupou mais 7% da Cisjordânia, libertou cerca de 200 prisioneiros palestinos e inaugurou uma estrada ligando A Faixa de Gaza à Cisjordânia. Barak foi o primeiro chefe de governo israelense a admitir que "o Estado Palestino de fato já existe". Por outro lado, é importante ressaltar que o futuro dessas negociações depende de uma série de fatores, dentre os quais a intransigência dos setores radicais de ambos os lados, que são contrários ao avanço na caminho da paz, a questão dos assentamentos de colonos judeus em terras palestinas, além da delicada questão do controle das fontes de água existentes na Cisjordânia. Além desses fatores, existe a complexa situação política entre a Síria e Israel pelo controle das Colinas de Golã, que corresponde a uma porção do território sírio, anexado por Israel, sendo um ponto estratégico na geopolítica do Oriente Médio.
Neste ano, mais uma vez ocorre o acirramento das tensões no Oriente Médio, quando no final de setembro, Ariel Sharon, líder da oposição israelense, fez uma visita à Esplanada das Mesquitas, local mais sagrado de Jerusalém para palestinos e judeus (que o chamam de Monte do Templo), provocando protestos palestinos. No dia seguinte à visita, forças israelenses reprimiram violentamente protestos palestinos na esplanada, deixando pelo menos quatro mortos. Desde então, novos protestos de palestinos em Gaza e Cisjordânia e de árabes israelenses dentro de Israel já fizeram cerca de centenas de mortes. Para você entender um pouco mais sobre a ingerência norte-americana na questão árabe-israelense, e da complexa política da região, leia atentamente a reportagem a seguir.
“O secretário norte-americano de Defesa, William Cohen, expressou hoje a preocupação de seu país diante do crescimento da violência no Oriente Médio, durante uma breve visita que fez à Jordânia.
Cohen foi recebido pelo rei Abdalá 2° depois de um encontro com o primeiro-ministro Ali Abu Ragheb. Ele também conversou sobre a ajuda militar norte-americana na Jordânia com o chefe do Estado Maior do Exército do país, o general Mohammed Malkawi. Antes de partir para o Cairo, Cohen declarou em um comunicado que as discussões haviam "tratado sobretudo da necessidade de por fim à violência entre Israel e os palestinos. "É hora de cessar os combates e retornar à mesa de negociações", disse Cohen, que ainda acrescentou que "continuaremos promovendo a paz, a estabilidade e a prosperidade na região”.
Cohen foi recebido pelo rei Abdalá 2° depois de um encontro com o primeiro-ministro Ali Abu Ragheb. Ele também conversou sobre a ajuda militar norte-americana na Jordânia com o chefe do Estado Maior do Exército do país, o general Mohammed Malkawi. Antes de partir para o Cairo, Cohen declarou em um comunicado que as discussões haviam "tratado sobretudo da necessidade de por fim à violência entre Israel e os palestinos. "É hora de cessar os combates e retornar à mesa de negociações", disse Cohen, que ainda acrescentou que "continuaremos promovendo a paz, a estabilidade e a prosperidade na região”.
Por outro lado, o Egito chamou hoje seu embaixador em Israel para protestar contra "a agressão israelense contra o povo palestino e a utilização excessiva da força".
Os Estados Unidos se inquietam por causa de um "transbordamento da violência, fonte de instabilidade na região", declarou o porta-voz do Pentágono, Kenneth Bacon, aos jornalistas que acompanhavam Cohen. Bacon evocou o risco "de manifestações desestabilizadoras", lembrando que 60% da população da Jordânia era palestina. O porta-voz, sem querer ser mais explícito, fez uma advertência contra "as atividades da Síria para estimular a violência”. Desde a quarta-feira (15), em cada etapa de sua viagem por nove países do Oriente Médio, Cohen fala a favor do fim das violências e do retorno ao processo de paz.
O secretário lembrou que o presidente Bill Clinton tem sido o principal mediador do processo e falou sobre as estreitas relações que foram estabelecidas com os monarcas do Golfo.
No entanto, nos países que o secretário de Defesa norte-americano visitou Barein, Emirados Árabes Unidos, Catar, Kuwait, Arábia Saudita a imprensa denunciou "o massacre dos palestinos" e criticou "a
parcialidade" de Washington a favor de Israel.
Israel foi condenado no mês passado pelo Conselho de Segurança da ONU devido ao uso desproporcionado da força contra os palestinos, mas os Estados Unidos se abstiveram da votação.”
Os Estados Unidos se inquietam por causa de um "transbordamento da violência, fonte de instabilidade na região", declarou o porta-voz do Pentágono, Kenneth Bacon, aos jornalistas que acompanhavam Cohen. Bacon evocou o risco "de manifestações desestabilizadoras", lembrando que 60% da população da Jordânia era palestina. O porta-voz, sem querer ser mais explícito, fez uma advertência contra "as atividades da Síria para estimular a violência”. Desde a quarta-feira (15), em cada etapa de sua viagem por nove países do Oriente Médio, Cohen fala a favor do fim das violências e do retorno ao processo de paz.
O secretário lembrou que o presidente Bill Clinton tem sido o principal mediador do processo e falou sobre as estreitas relações que foram estabelecidas com os monarcas do Golfo.
No entanto, nos países que o secretário de Defesa norte-americano visitou Barein, Emirados Árabes Unidos, Catar, Kuwait, Arábia Saudita a imprensa denunciou "o massacre dos palestinos" e criticou "a
parcialidade" de Washington a favor de Israel.
Israel foi condenado no mês passado pelo Conselho de Segurança da ONU devido ao uso desproporcionado da força contra os palestinos, mas os Estados Unidos se abstiveram da votação.”
Fonte: France Presse, 21.11.2000 in uol.com.br/notícias.
O CONTINENTE AMERICANO
O continente já foi palco sobretudo na época da Guerra Fria de inúmeros conflitos com destaque para os movimentos guerrilheiros que se opunham aos governos locais. Atualmente, pode-se dizer que a maior parte desses conflitos terminaram, inclusive através de vários acordos de paz. Entretanto, ainda persistem alguns focos de tensão no continente a saber.
Os conflitos na Colômbia
Pode-se afirmar que este país corresponde a um dos principais focos de tensão do continente, pois, ele é palco de um dos mais antigos conflitos da América Latina, porque na verdade trata-se de uma herança dos choques entre conservadores e liberais no decorrer de sua história independente. Os liberais fundam, nos anos 60, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), para lutar pela implantação de um Estado socialista. Outros grupos de esquerda aderem à luta armada – o Exército de Libertação Nacional (ELN) é um dos remanescentes. Entretanto, após anos de combates contra o governo, a partir das décadas de 80 e 90, o conflito ganha um novo personagem: o tráfico de drogas, complicando ainda mais a situação política e social do país.
As FARC é o mais importante movimento guerrilheiro e conta com aproximadamente 17 mil combatentes e controla uma área no interior equivalente ao tamanho da Suíça, cerca de 40% do território nacional, onde determina as suas próprias “leis e a Justiça”. Instituiu um imposto (vacina) cobrado da população que varia conforme a vontade do comandante da região, podendo ser em espécie ou em gênero, por exemplo cabeças de gado, parte da produção agrícola etc. Estima-se que as Farc e o ELN arrecadem a cada ano cerca de 500 milhões de dólares como pedágio pela proteção aos traficantes e aos camponeses plantadores de coca contra ações do exército. Portanto, a guerrilha é em grande parte financiada pelo dinheiro proveniente do narcotráfico. Por ouro lado, esse conflito tem causado problemas ao país com outras nações, a exemplo dos EUA que durante o ano de 1999 insinuou por várias vezes em invadir o país, com o argumento de repressão ao narcotráfico, pois, os EUA constituem em um dos principais mercados consumidores da droga.
Outro problema internacional também causado pela guerrilha, relaciona-se como o Brasil, pois os guerrilheiros estão sempre fazendo ameaças de utilizar o território fronteiriço com o Brasil, para de refugiarem da ações do exército colombiano, gerando assim reações por parte do governo brasileiro, sobretudo das Forças Armadas. O ELN tem cerca de 6000 combatentes. Sobre a questão do envolvimento dos Estados Unidos na Colômbia e de um possível acordo de paz no país leia a reportagem a seguir.
O porta-voz da guerrilha das FARC, Raúl Reyes, afirmou em entrevista divulgada hoje que a legalização dos paramilitares de ultradireita "faz parte do Plano Colômbia" de luta contra as drogas, para o qual os Estados Unidos repassarão US$ 1,3 bilhão em ajuda econômica e militar.
"A legalização do paramilitarismo como estratégia contra-revolucionária faz parte do Plano Colômbia. As FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) não podem concordar que o Governo dê legitimidade a grupos de criminosos que continuam ceifando a vida de milhares de colombianos em nome do Estado", declarou Reyes à agência de notícias ANNCOL, que divulga informação do grupo rebelde.
"A legalização do paramilitarismo como estratégia contra-revolucionária faz parte do Plano Colômbia. As FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) não podem concordar que o Governo dê legitimidade a grupos de criminosos que continuam ceifando a vida de milhares de colombianos em nome do Estado", declarou Reyes à agência de notícias ANNCOL, que divulga informação do grupo rebelde.
As FARC declararam dia 14 de novembro passado 'congelado' o diálogo de paz com o Governo, alegando que este concedeu 'interlocução política' aos paramilitares ao permitir que o ministro do Interior, Humberto de la Calle, se reunisse com o fugitivo líder desses esquadrões, Carlos Castaño.
Reyes disse que as FARC não 'congelaram' as conversações porque tinham medo de discutir a questão do cessar-fogo e das hostilidades, como parte das negociações de paz.
"Não, de nenhuma maneira tememos discutir esse assunto. Estamos dispostos a continuar dialogando, mas não podemos fazê-lo enquanto não houver por parte do
Governo um compromisso sério para impedir que o Plano Colômbia continue fazendo estragos contra os colombianos e os países da América do Sul", enfatizou o líder rebelde.
Na opinião de Reyes, "o Partido Conservador do presidente (Andrés) Pastrana está muito debilitado depois de sua derrota nas eleições (municipais de 29 de outubro passado). O militarismo é o verdadeiro poder na Colômbia. Recebe seus dólares, seus prêmios, sua assessoria dos Estados Unidos pela guerra. Não quer perder o negócio".
Reyes disse que as FARC não 'congelaram' as conversações porque tinham medo de discutir a questão do cessar-fogo e das hostilidades, como parte das negociações de paz.
"Não, de nenhuma maneira tememos discutir esse assunto. Estamos dispostos a continuar dialogando, mas não podemos fazê-lo enquanto não houver por parte do
Governo um compromisso sério para impedir que o Plano Colômbia continue fazendo estragos contra os colombianos e os países da América do Sul", enfatizou o líder rebelde.
Na opinião de Reyes, "o Partido Conservador do presidente (Andrés) Pastrana está muito debilitado depois de sua derrota nas eleições (municipais de 29 de outubro passado). O militarismo é o verdadeiro poder na Colômbia. Recebe seus dólares, seus prêmios, sua assessoria dos Estados Unidos pela guerra. Não quer perder o negócio".
"Agora o presidente tem que mostrar sua capacidade e sua decisão política para impor seus critérios a estes setores", declarou Reyes.
O "czar" antidrogas dos Estados Unidos, Barry McCaffrey, disse domingo, durante visita oficial a Bogotá, estar confiante em que as FARC retornem logo à mesa de negociações de paz.
Reyes declarou à ANNCOL que as FARC exigem "resultados do Governo (colombiano) na luta contra o paramilitarismo. É o presidente (Pastrana) que tem que dar respostas, não os Estados Unidos. Eles (os norte-americanos) têm o direito de opinar sobre os assuntos que quiserem, assim como nós opinamos sobre os deles".
"Mas os graves problemas que temos devem ser resolvidos por nós colombianos sem intromissões externas. Exigimos nossa independência", destacou Reyes”.
O "czar" antidrogas dos Estados Unidos, Barry McCaffrey, disse domingo, durante visita oficial a Bogotá, estar confiante em que as FARC retornem logo à mesa de negociações de paz.
Reyes declarou à ANNCOL que as FARC exigem "resultados do Governo (colombiano) na luta contra o paramilitarismo. É o presidente (Pastrana) que tem que dar respostas, não os Estados Unidos. Eles (os norte-americanos) têm o direito de opinar sobre os assuntos que quiserem, assim como nós opinamos sobre os deles".
"Mas os graves problemas que temos devem ser resolvidos por nós colombianos sem intromissões externas. Exigimos nossa independência", destacou Reyes”.
Fonte: France Presse, 21.11.2000 in uol.com.br/notícias.
A questão política no Peru
Existem dois movimentos guerrilheiros no país: o Sendero Luminoso fundado em 1975, movimento maoista, ligado a guerrilha rural. É um grupo bastante violento. Seu líder foi preso pelo governo de Fujimore. O outro grupo é o Movimento Revolucionário Tupac Amaru, inspirado nas idéias de Che Guevara e que concentrou suas atividades nas cidades. A atuação do governo, prendendo os principais líderes desses movimentos, fez recrudescer as atividades guerrilheiras no país no final da década de 90. Além desses problemas internos o Peru vive uma situação litigiosa fronteiriça com o seu vizinho Equador, sendo que os dois países estiveram em guerra no ano de 1998.
O movimento zapatista no México
Pela citação percebe-se que ao contrário do que muitos analistas internacionais imaginavam, que esse movimento não duraria por muito tempo, nota-se que esses ideais de melhoria para uma parcela excluída da população mexicana vão perdurar por longo tempo. Esse movimento no país ocorre na sua porção meridional, em que o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), representado por camponeses indígenas, iniciou uma luta armada em 1994 contra o exército mexicano no estado de Chiapas, o mais pobre do país. Os zapatistas, como são denominados, exigem reformas econômicas e sociais na região. É importante frisar que, esse movimento teve início no ano em que o México assinou o acordo do NAFTA, uma vez que os zapatista denunciaram à comunidade internacional, as péssimas condições de vida da população do estado de Chiapas, sendo que esses povos foram os que mais sofreram
Os efeitos da adoção da política neoliberal implementada pelos sucessivos governos.
Entretanto existem analistas que interpretam o conflito em Chiapas, como algo mais profundo do que um movimento guerrilheiro. A esse respeito veja a opinião do sociólogo francês Alain Touraine, (...) aqueles que vêem na ação dos zapatista de Chiapas um novo surto guerrilheiro, responsável por criar de forma esporádica focos de violência nas várias partes do território mexicano, engana-se profundamente. A ação armada não é mais essencial para os zapatista; o que importa a Marcos e aos demais líderes do movimento é desempenhar um papel decisivo na transformação do sistema político. Eles estão cobertos de razão. Em todo o continente impõe-se a liquidação dos regimes e dos modos de gestão herdados do período populista. Por toda parte devem opor-se o mais diretamente possível as forças favoráveis à inserção do país na economia mundial e as que procuram lutar por uma melhor integração social da nação, ou seja pela diminuição das desigualdades sociais e regionais.(...) FONTE: Touraine, Alain, A lição dos rebeldes de Chiapas in Folha de São Paulo, 13.10.96, caderno Mais, p. 2
Durante os anos de 96 e 97 ocorreram negociações de paz com vista por fim ao conflito, entretanto setores ligados ao governo sobretudo, os paramilitares não cumpriram parte desses acordos, dificultando assim a solução negociada. Os Zapatistas, contando com o apoio dos partidos de oposição, organizam, em março de 1999, um plebiscito não-oficial sobre suas reivindicações de autonomia para os povos indígenas do México. Cerca de 2,5 milhões de eleitores participam; 97% deles referendam as exigências dos rebeldes. As negociações de paz entre o governo e o EZLN não avançam.
A questão separatista no Canadá
A Província de Quebec, de origem francesa, apresenta uma série de reivindicações para se separar do Canadá desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Em 1969 o país adota o francês como língua oficial, ao lado do inglês. Nos anos de 1980 e 1995 foram realizados dois plebiscitos na província sobre a independência, sendo que no segundo, os partidários do separatismo perderam por um pequena margem de 50.000 votos. A questão política no país é delicada, mas não existem atos violentos por parte da população. O governo do Canadá tenta contornar o problema separatista, nomeando os líderes do movimento separatista para cargos importantes, no entanto, isso parece ser uma questão de tempo para ocorrer.
O CONTINENTE AFRICANO
A África pode ser apontada em termos continentais como um dos principais focos de tensão do mundo atual, pois existem vários conflitos no continente.
Entre os fatores que contribuem para a existência dos conflitos e das tensões no continente africano, citam-se:
A) O colonialismo, causador do subdesenvolvimento e das questões de fronteiras (delimitações).
B) Os problemas étnicos entre os diversos grupos tribais do continente agrupados em poucos países.
C) As questões religiosas entre os grupos islâmicos, animistas e católicos.
D) O neocolonialismo, com a exploração das multinacionais e o crescimento das plantations.
E) O rápido processo de descolonização que causou a desarticulação econômica dos países.
F) As disputas ideológicas entre o capitalismo e o socialismo, herança do período da Guerra Fria.
G) A ingerência dos países desenvolvidos na região.
H) Os interesses estrangeiros pelas riquezas naturais do continente.
A seguir os principais conflitos do continente.
· Angola – Esse país vive uma longa guerra civil entre o MPLA (Movimento pela Libertação de Angola), no poder, e a Unita (União Nacional pela Independência Total de Angola). Nos anos de 1994 e 1995, houve um acordo de paz que interrompeu o conflito e o envio de tropas de paz da ONU. Entretanto, devido ao descontentamento desse acordo por parte da Unita, que se recusou a devolver áreas sob seu controle e integrar um governo de coalizão nacional, esse conflito se reiniciou no ano de 1999.
· Argélia – O país tem sido palco de uma guerra civil entre os fundamentalistas islâmicos, representados pela Frente Islâmica de Salvação Nacional (FIS), que quer implantar um Estado com base na religião islâmica. Em 1990 a FIS venceu as eleições e iniciou uma série de medidas que contrariou os setores militares. Houve um golpe militar em janeiro de 1992. A partir de então o país mergulha em uma guerra civil em que de um lado há o Grupo Armado Islâmico (GIA) que luta contra a FIS, acusando-a de se render aos militares. Esse conflito já causou a morte de mais de 50 mil pessoas.
· Burundi - O conflito étnico entre hutus e tutsis ocorre no país desde 1962, ano de sua independência da Bélgica. Com a morte do presidente hutu Cyprien Ntaryamira em um acidente de avião em 1994 junto com o presidente de de Ruanda, explode uma nova fase de violência entre as etnias. Em meados de 1995, o Exército do Burundi, dominado pelos tutsis, dá um golpe de Estado, nomeando presidente Pierre Buyoya. Estima-se que esse conflito já tenha causado a morte de mais de 150 mil pessoas e cerca de 400 mil hutus refugiados nos países vizinhos do ex-Zaire, Ruanda e Tanzânia.
· Ruanda – As duas principais etnias do país, tutsi e hutu, vivem um conflito desde a formação do país. A morte do presidente hutu Juvenal Habyariman, num acidente de avião provocado por um míssil, em 1994, faz explodir a guerra. Em represália, tropas da etnia hutu (85% da população do país) passam a massacrar a minoria tutsi (14%) e os hutus de oposição. A Frente Patriótica Ruandesa (FPR), formada por extremistas tutsis exilados em Uganda, inicia uma ofensiva que termina com a tomada do poder três meses depois e com o massacre de 800 mil hutus. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), o saldo total da guerra é de 1 milhão de mortos e 2,2 milhões de refugiados hutus nos vizinhos ex-Zaire, Uganda, Burundi e Tanzânia.
· República Democrática do Congo - O ex-Zaire é um dos maiores países da África em termos de territórios, após vários anos de uma guerra civil em que um movimento guerilheiro liderado por Laurent Kabila lutou contra a ditadura de Mobutu Sese Seko. Em 1997 o ditador foge para o exílio no Togo, e os guerrilheiros assumem o poder sob a liderança de Kabila e formam um governo de salvação nacional. A partir de então o Zaire passa a ser denominado de República Democrática do Congo. Entretanto, existem setores descontentes com a política implementada pelos ex-guerrilheiros, sendo que os conflitos podem reiniciar a qualquer momento.
· Egito - Após a Guerra do Golfo, terroristas islâmicos, que haviam praticado vários atentados no país durante a década de 80, voltam à ação. Em 1995, após um atentado fracassado contra o presidente Hosni Mubarak, os terroristas atacam turistas e monumentos históricos. Os ataques acontecem especialmente no norte do país, na Província de Asyut, reduto do grupo extremista islâmico Gammaat-i-Islami.
· Somália - Desde 1991, com a queda do presidente Mohammed Siad Barre, o país é palco de uma guerra civil entre clãs armados. Sem qualquer solução para o conflito, as últimas tropas norte-americanas da Operação Restaurar a Esperança, mantidas por dois anos no país, deixam a Somália no início de 1994. A guerra e a fome provocada pela seca, pela estagnação da produção interna e pela intercepção das ajudas humanitárias por guerrilheiros deixam mais de 1 milhão de mortos e 546 mil refugiados na Etiópia e Quênia .
· Sudão - A região sul do país está em guerra civil desde 1983, quando os africanos muçulmanos do norte iniciam um combate contra a resistência do sul, formada por animistas e cristãos. A repressão é conduzida pelo Exército sudanês, apoiado pelos paramilitares muçulmanos.
O CONTINENTE ASIÁTICO
O vasto continente há várias décadas tem sido palco de inúmeros conflitos, a seguir alguns de maior destaque no contexto internacional. Caxemira ou Cachemira – A Índia é uma potência regional, cuja hegemonia no Sudeste Asiático é contestada pelo Paquistão. A rivalidade indo-paquistanesa por essa hegemonia vem desde a independência dos dois países, em 1947. Desde então eles já tiveram três guerras, sendo que duas sobre o controle do território da Caxemira, região montanhosa situada ao norte do subcontinente indiano. Recentemente, a Índia e rebeldes apoiados pelo Paquistão se enfrentaram na Caxemira, no pior conflito na fronteira entre os dois países. A Índia domina dois terços da Caxemira, que possui, no entanto, população majoritariamente muçulmana. Confrontos na região indiana com os separatistas muçulmanos já deixaram mais de 15 mil mortos. A Índia acusa o Paquistão de apoiar os rebeldes separatistas; por outro lado, o Paquistão afirma que fornece apenas apoio político e moral, e acusa a Índia de fomentar o conflito ao atirar contra parte do território paquistanês da Caxemira. A tensão aumenta na região pode se agravar em função da disponibilidade de armamento nuclear nos dois países, além do fato de que a China apóia o Paquistão.
· Timor Leste - Com uma população de 800 mil habitantes, o Timor Leste corresponde a uma ilha localizada no extremo leste do arquipélago da Indonésia. Até 1975 era uma colônia portuguesa e que, no ano seguinte, foi ocupada militarmente pelo governo indonésio. Sua população é majoritariamente católica (88%), enquanto que a maioria dos indonésios é muçulmana. A partir de 1976, inicia-se uma forte repressão da Indonésia contra os opositores, liderados pela Frente Revolucionária do Timor Leste, que deixa um saldo de mais de 200 mil mortos em conflitos de fome nos anos seguintes à invasão. Essa anexação do teeritório timorense não é reconhecida pela ONU. Após décadas de conflitos internos, foi realizado em meados de 1999 um plebiscito supervisionado e proposto pela ONU. Nele, quase 80% da população votaram pela independência do país. Insatisfeitos com o resultado, grupos paramilitares antiindependência começaram a tentar praticar uma “limpeza política” contra militantes pró-independência.
O Exército indonésio é acusado de armar e apoiar esses grupos, que atacaram e mataram inclusive funcionários da ONU em missão no Timor. As forças armadas da Indonésia, poderosa instituição no país, acredita que a independência do Timor Leste pode servir de estímulo a outros movimentos separatistas existentes no arquipélago indonésio, a exemplo de Irian Jaya. Em um acordo feito com a Indonésia, a ONU assumiu a responsabilidade de supervisionar o plebiscito e de permanecer no território no período transitório rumo à independência. As pessoas favoráveis à manutenção dos laços entre o Timor e a Indonésia argumentam que o domínio indonésio trouxe melhorias econômicas à região. A Indonésia aceitou o envio de forças internacionais de paz para pôr fim à violência no Timor Leste, após o país ter resistido ao fato. O governo de Jacarta alegou que seu exército era capaz de controlar sozinho a ação de paramilitares antiindependência contra a população. A decisão do governo indonésio foi tomada após decisão dos Estados Unidos de suspender a cooperação militar e a venda de armas e ao anúncio do Fundo Monetário Internacional de realizar cortes na ajuda financeira ao país. Segundo os observadores da ONU, os soldados indonésios não coibiram a violência no Timor; pelo contrário, a teriam incentivado. Os países participantes das tropas de paz enviadas pela ONU são compostas por soldados dos exércitos da Austrália, Brasil, Reino Unido, França, Portugal e Nova Zelândia. Os Estados Unidos deram apenas suporte logístico.
O CONTINENTE EUROPEU
Com o fim da Guerra Fria, alguns acreditavam que o velho continente entraria em uma fase de paz e estabilidade política. Entretanto, os horrores da guerra voltaram à Europa, representada sobretudo pela Região Balcânica, cuja área foi palco de vários conflitos, com destaque para o desmembramento da ex- Iugoslávia. O mais recente conflito na região ocorreu no ano de 1999, em que tropas da OTAN, lideradas pelos EUA, invadiram a Iugoslávia com o pretexto de defender a população de Kosovo. Parte da província de Kosovo está localizada dentro do território da Sérvia, uma das Repúblicas que compõem a Iugoslávia. Os sérvios (cristãos ortodoxos) lutam pela hegemonia na região, ocupada por maioria albanesa, que professam a religião muçulmana, e representam mais de 90% da população de Kosovo. Os líderes albaneses sempre defendem a independência da província em relação à Iugoslávia, mas o governo iugoslavo de Slobodan Milosevic quer manter o território sob seu domínio. Os sérvios reivindicam que a área tem importância histórica para eles e faz parte do país há mais de mil anos. Após intensos bombardeios à Iugoslávia por parte da OTAN, e a fuga de milhares de refugiados de kosovares, foi assinado um acordo com a intermediação da Rússia que levou ao fim o conflito e o envio de tropas de paz ONU .
Autor: Pedro Coimbra
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